quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Quadrinhos & Mangás

JOGO DO REI (Ousama Game)


Fazei tudo o que o Rei mandar!
     
     Você já leu alguma coisa que prendesse sua atenção de tal forma a ponto de fazer você  perder a noção do tempo? Algo que fizesse você passar vergonha no metrô ou no ônibus devido às expressões bizarras de espanto no seu rosto? Algo que mexesse de tal forma com você a ponto de provocar taquicardia? Se a resposta a qualquer uma destas perguntas é não, com certeza você ainda não leu "Jogo do Rei" (Ousama Game, no original japonês)
     É sério, para quem curte suspense esse mangá é simplesmente um tesouro! Comprei ele meio por acaso, eu havia ido à banca atrás de outro mangá, mas achei ele na prateleira, a capa acabou chamando a minha atenção e eu comprei os dois primeiros volumes de uma vez. Que grata surpresa! Para vocês terem uma idéia, a leitura me absorveu de tal forma que, quando cheguei à última página, eu fiquei procurando o volume dois e achei que tinha esquecido na banca, pois não o achava. Só então eu percebi que eu havia lido os dois volumes um atrás do outro, sem perceber.


     A história gira em torno da turma do 1º ano B do Colégio Tamaoka. Um belo dia, todos da sala recebem uma mensagem pelo celular, comunicando-os de que, a partir de agora, estão participando de um jogo que consiste em tarefas a serem cumpridas por ordem de alguém que se intitula simplesmente como "Rei". No início as ordens são simples e inocentes como, por exemplo, beijar um colega e todos levam na brincadeira. O problema é quando as ordens começam a ficar mais difíceis de ser cumpridas como, por exemplo, transar com uma colega da sua turma que é namorada de seu amigo...
     As regras do jogo são claras: a desobediência às ordens do rei serão punidas. Quando um dos alunos se nega a cumprir uma das ordens a punição vem de maneira implacável e macabra. E é aí que começa o terror para os alunos do 1º ano B, pois eles percebem que não se trata de uma brincadeira inocente, e sim de um jogo de vida ou morte.
     O clima de tensão é mistério é constante, e a empatia com os personagens é inevitável. Você sente de forma quase palpável a angústia e o medo dos personagens. Sem dúvida, uma história escrita de maneira brilhante!
     O mangá é publicado pela JBC, já está no volume dois e terá cinco volumes no total. Imperdível!

Fontes:
comix.com.br
genkidama.com.br

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Presente de Fã


             Não acredito que estou aqui!
  Eu até me beliscaria se isso não me fizesse parecer tão boba diante dele, meu ídolo: o único e eterno Slash.
  Como fora difícil conseguir aquela credencial para os camarins! Parecia que tudo conspirava contra mim: meus pais pegando no meu pé pelas minhas notas baixas; aquele escroto do Mike, me chantageando por saber meu segredo (e pensar que tive que sujar meus lábios com aquele idiota para que ele se calasse); o clima daquela cidadezinha decadente, que não me deixava sair de casa... Mas, naquele dia, tudo deu certo! A chuva tornara o dia frio e cinzento, afastando a maioria das fãs da frente do hotel. Facilitou minha tarefa de encontrar aquele rapazinho simpático que havia me prometido a credencial, após um olhar e um “beijinho” meu. Oh, ele era tão doce que quase me senti culpada por enganá-lo! Quase...
   Hoje é a grande noite! A noite em que conhecerei meu ídolo e lhe darei o presente que guardo há tanto tempo. Nenhum obstáculo é grande demais para me impedir! Nenhum sacrifício é grande demais para ser feito! Ah, Slash, hoje eu te darei a prova definitiva do meu amor!
   O bom de se estudar numa escola noturna é que os professores estão cansados demais para prestar atenção em você. Ou seja, ninguém nota se você mata uma aula uma vez ou outra. E assim, lá fui eu para o grande show.
   Não importava quantas vezes eu escutasse sua guitarra, aquele som sempre era mágico. E ele, no alto de suas botas de couro, com seus vastos cachos sob aquela indefectível cartola negra, mais parecia um deus. Normalmente eu desejaria que o show não acabasse nunca, mas não hoje. Hoje eu quis que terminasse logo, pois o meu sonho se realizaria após o show.
   Na porta do camarim, o segurança não olhou para minha credencial. Olhou apenas em meus olhos e abriu a porta, sem bater antes, fechando-a depois que entrei.
    Lá estava ele: Slash, o mago da guitarra, sentado no sofá com uma garrafa de Jack Daniel’s na mão, relaxando após mais uma noite de brilho. E aqui estou eu agora, diante do meu ídolo. 
    Ele tenciona dizer alguma coisa, mas logo desiste ao olhar em meus olhos. Eu me aproximo lentamente e toco em seu belo rosto moreno, afastando alguns cachos de sua fronte. Sento em seu colo e ele larga a garrafa, me abraçando. E então, eu finalmente lhe dou o meu presente...
   Suavemente minhas presas se fecham sobre a pele de seu pescoço, inundando minha boca com o doce sangue do meu amado. Não posso beber muito! Olhando em seus lindos olhos mordo propositalmente meu lábio inferior e sinto meu sangue escorrer. Então eu o beijo demoradamente, compartilhando com ele meu sangue e meu dom.
   Ao acordar, ele terá poderes com os quais nunca sonhou. Sua música será eterna e ele será eternamente o meu ídolo. O meu amado vampiro. O meu Slash!

Caesarean
17/06/2013

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Quadrinhos & Mangás


Beelzebub (Beruzebabu)

O ANTICRISTO ESTÁ ENTRE NÓS!!!
Calma, não é o apocalipse (ainda). Kaiser Emperana Beelzebub IV - ou simplesmente Beel - chegou á Terra com a missão de destruir a humanidade. Mas, antes, terá que largar a chupeta e aprender a ser um demônio de verdade. Para isso contará com a ajuda de Oga Tatsumi, um delinquente da pior espécie que é escolhido por Beel como seu tutor, devido sua força e, aparente, crueldade. Para manter essa dupla inusitada na linha a demônia Hildegarde - a babá infernal de Beel - terá muito trabalho.
Beelzebub está sendo publicado pela Panini e já está no volume 4. Apesar da temática dark o mangá é comédia pura do começo ao fim. As situações envolvendo os valentões caricatos do Colégio Ishiyama - uma escola com 120% de delinquência - rendem as cenas mais hilárias que você possa imaginar. Imperdível.


Nura - A Ascensão do Clã das Sombras (Nurarihyon no Mago)
                                                                            fonte: www.universohq.com    

A história gira em torno de Rikuo Nura, um menino que é parte humano e ¼ Youkai (expressão usada para designar todos os seres folclóricos ou sobrenaturais da cultura japonesa). Ele é neto do famoso Nurarihyon, o líder atual do Clã Nura, o mais poderoso clã de youkais, que deseja que ele se torne o Terceiro Grande Chefe do Clã. Mas Rikuo não quer, o menino deseja apenas ser uma pessoa normal e algumas facções do clã concordam com ele, pois querem a posição para si mesmas.
No mundo atual, poucas pessoas acreditam em lendas e assombrações, mas existe muita curiosidade em relação ao assunto. Alguns amigos de escola de Rikuo fundam um clube para tentar descobrir se os youkais existem.
Para conseguir esconder sua herança e levar uma vida normal, ele terá que driblar os problemas, seus guarda-costas youkais e os adversários maléficos que querem se tornar líderes e, para isso, estão dispostos a qualquer coisa.
O mangá já está no volume 7 e tem uma previsão de 24 volumes. Vale a pena!

Caesarean
06/05/2013


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Quadrinhos & Mangás

    Quem me conhece já sabe que sou um consumidor compulsivo de "gibis". Inclusive estou tendo que fazer novos armários na minha casa para dar conta da minha coleção que vem aumentando exponencialmente a cada mês.
    Atualmente venho deixando de lado os cada vez mais insossos títulos de Marvel, DC e cia. e tenho dado uma atenção cada vez maior aos títulos japoneses: os chamados "mangás". Por quê? Simples: em termos de criatividade, os japoneses dão de dez a zero nas publicações americanas.
    Este mês dois títulos novos me chamaram a atenção e, após a leitura, senti-me na obrigação de divulgá-los pois são estórias muito boas:


Another



     Uma escola que guarda um segredo mórbido. Esse é o pano de fundo de Another, uma estória de horror e suspense.
   Koichi Sakakibara é um adolescente que começa a estudar numa nova escola: o Colégio Ginasial Yomiyama. Logo de cara percebe que tem alguma coisa de diferente no comportamento de seus colegas de sala da turma 3-3, muito taciturnos e reservados. A própria escola, com suas estranhas regras beirando à superstição, também o deixam bastante intrigado. Ele acaba conhecendo a história de Misaki, um aluno que fez parte daquela mesma turma há 26 anos atrás, muito popular e querido por todos, mas que acabou falecendo num acidente, deixando todos os seus colegas em choque. Naquele mesmo ano, na formatura da turma 3-3, a imagem de Misaki aparece misteriosamente na foto de formatura da turma.
     Koichi percebe que esta história é um tabu entre os alunos do Colégio, que sempre fogem quando ele toca neste assunto. A única que parece disposta a conversar com Koichi é Mei Misaki (sim, o sobrenome é o mesmo do aluno morto), uma misteriosa estudante com o olho esquerdo coberto por um tapa-olho e um comportamento prá lá de estranho...
     Another é um mangá com uma arte impecável e uma história que "fisga" o leitor desde a primeira página. Terá quatro volumes e o primeiro, lançado agora em fevereiro ainda está nas bancas. Imperdível.
     

Diário do Futuro (Mirai Nikki)



     Imagine que você é um aluno do ginasial de comportamento reservado, sem amigos nem popularidade. Imagine que seu único hobby é escrever um diário em seu celular contando tudo (tudo mesmo!) o que você observa à sua volta no cotidiano. Agora, imagine que um belo dia você acorda e, ao abrir o diário em seu celular, descobre que os próximos noventa dias no futuro já estão escritos em detalhes no diário. E tudo acontece exatamente como está descrito ali. O que você faria?
     Esta é a estória de Yukiteru Amano, o portador (ou melhor, um dos portadores) do Diário do Futuro e sua luta para sobreviver a um jogo bizarro onde os doze portadores do Diário devem matar uns aos outros até que só sobre um (qualquer semelhança com "Jogos Vorazes" não é mera coincidência). O prêmio para o felizardo sobrevivente é nada menos que o poder absoluto sobre o tempo e o espaço, ou seja, tornar-se um deus.
     Quem já leu "Death Note" vai se identificar imediatamente com este mangá. O clima de suspense, bem como o roteiro muito bem trabalhado, já deixa bem claro neste primeiro volume que este é um mangá digno de se tornar um clássico. O primeiro volume foi lançado no final de Janeiro, mas ainda está nas bancas. O mangá terá doze volumes no total. Recomendo!


Caesarean
24/02/2013

segunda-feira, 18 de junho de 2012

O Chamado da Noite


O Sol se esconde do outro lado do mundo enquanto a bruma negra da noite mais uma vez levanta-se de sua alcova. Como era no princípio e agora e sempre, até o ocaso deste mundo. Tão certo como a noite é o meu despertar, como foi na noite de meu nascimento para as trevas e agora e sempre, até o ocaso deste mundo ou até que finde a minha existência, minha não-vida, minha maldição.
A noite me chama e não há como resistir. Não há fuga para a necessidade selvagem que irrompe das minhas entranhas. Não há substância em toda a criação que possa substituir o doce, quente e sublime sabor do sangue vivo. Não há penitência ou sacrifício que possa me redimir. Resistir significa dor. Dor além da compreensão humana. Para os filhos da noite, abstinência é a pior das agonias.
A cidade é minha selva. Cada rua, cada esquina, cada beco são pequenos obstáculos que apenas adornam meu campo de caça. Eu a conheço em todos seus detalhes. Não existe refúgio possível para aquele que o destino marcou como minha presa.
Será como um sonho. Talvez acordes, talvez não. Apenas uma leve brisa em tuas costas anunciará, tarde demais, a minha presença. Pode ser que ignores este sinal e simplesmente continues a caminhar e não terás dado nem dois passos antes que meu abraço te envolva, selando teu destino. Pode ser que percebas o que está atrás de ti e te vires e me fites. Se minha fome permitir, pode ser que tenhas tempo suficiente de questionar quem sou. Se eu julgar que és digno, posso me dignar a te responder. Se puderes com tua inocência, teu espírito ou tua beleza despertar a curiosidade de um imortal, poderás mudar teu destino.
Eu te direi que esta é minha sina: alimentar-se daqueles que cruzam meu caminho; sugar a essência fluída de toda a vida humana, pois a alma da carne está no sangue; testemunhar as conquistas e desgraças humanas; existir para sempre dia após dia, ano após ano, era após era, contemplando a transformação dos tempos mas permanecendo eternamente imutável; permanecer isolado de tudo e de todos pois a solidão é o estigma dos amaldiçoados.
Talvez eu te deixes ir para que perpetues a lenda dos imortais. Talvez te tornes apenas mais uma fonte da qual beberei até me saciar. Mas não me
agrades demais. Jamais faças com que eu te ame ou o teu destino será o pior de todos, pois eu te tornarei carne de minha carne e sangue de meu sangue. Compartilharei contigo minha maldição na ânsia de que alivies minha solidão. Serás mais um imortal, condenado à noite eterna e à eterna fome por sangue vivo.
Mas não me demorarei demais contigo, não importa qual seja a minha decisão. Tenho a eternidade, mas a noite é curta e cobra seu preço dos que não sabem honrá-la. Percorro as artérias da metrópole, livre, rápido como um pensamento, saboreando a ilusão efêmera daquilo que os humanos chamam de felicidade, até o último segundo antes da aurora. Até que o dia roube mais uma vez os dons das trevas obrigando-me a repousar sob o refúgio das sombras.
E assim será até que a lua reine novamente sobre o firmamento e o chamado da noite desperte-me novamente para cumprir minha sina agora e sempre, até o ocaso deste mundo ou até que finde a minha existência, minha não-vida, minha maldição.
Caesarean
18/06/2012

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O Corvo

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste, 
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais
«Uma visita», eu me disse, «está batendo a meus umbrais.
É só isso e nada mais.»

Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão) a amada, hoje entre hostes celestiais —
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais! 

Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundindo força, eu ia repetindo,
«É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isso e nada mais».

E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
«Senhor», eu disse, «ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi...» E abri largos, franquendo-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.

A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais —
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isto só e nada mais.

Para dentro estão volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
«Por certo», disse eu, «aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.»
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
«É o vento, e nada mais.»

Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais.
Foi, pousou, e nada mais.

E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
«Tens o aspecto tosquiado», disse eu, «mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais.»
Disse-me o corvo, «Nunca mais».

Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos seus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome «Nunca mais».

Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, «Amigo, sonhos — mortais
Todos — todos lá se foram. Amanhã também te vais».
Disse o corvo, «Nunca mais».

A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
«Por certo», disse eu, «são estas vozes usuais.
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este «Nunca mais».

Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureira dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele «Nunca mais».

Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sombras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sombras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!

Fez-me então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
«Maldito!», a mim disse, «deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».

«Profeta», disse eu, «profeta — ou demónio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais,
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».

«Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!, eu disse. «Parte!
Torna à noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».

E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha dor de um demónio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão mais e mais,
E a minh'alma dessa sombra, que no chão há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!
Edgar Allan Poe
(tradução de Fernando Pessoa)
 
fontes: http://www.culturabrasil.org/pessoaepoe.htm
http://imprimaturevistaliteraria.blogspot.com/2010_03_01_archive.html

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Cultura Vampiresca - LILITH


Chamada de Matriarca dos Amaldiçoados, Lilith é, provavelmente, o primeiro ser a que se atribui a denominação de vampiro.
No primeiro capítulo do Gênesis versículo 27 está escrito que: "Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher." porém no segundo capítulo versículo 18: '"O Senhor Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada."' e é apenas no versículo 22 do segundo capítulo que Eva é criada: "E da costela que tinha tomado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher, e levou-a para junto do homem.". É possível que no primeiro capítulo a mulher criada seja Lilith.
Lilith, em gravura de John Collier (1892). 
Lilith pode ter sido retirada da Bíblia durante o Concílio de Trento, a interesse da Igreja Católica, para reforçar o papel das mulheres como devendo ser submissas, e não iguais, ao homem. Porém muitas pinturas e esculturas a retratam como a serpente que tentou Eva a comer o pomo do conhecimento.
Uma interpretação possível é de que ela seja a mulher que Caim encontrou depois de ser expulso e, portanto, tendo com ele seu primeiro filho, Enoque, e fundando uma cidade de mesmo nome.
Nas bíblias atuais seu nome aparece uma única vez, em Isaías 34:14: "E as feras do deserto se encontrarão com hienas; e o sátiro clamará ao seu companheiro; e Lilith pousará ali, e achará lugar de repouso para si." Nas traduções recentes da Bíblia a palavra Lilith é substituída por demônio ou bruxa do deserto. Fantasma, na Revista e Atualizada.
No folclore popular hebreu medieval, ela é tida como a primeira mulher criada por Deus junto com Adão, que o abandonou, partindo do Jardim do Éden por causa de uma disputa sobre igualdade dos sexos, passando depois a ser descrita como um demônio.
De acordo a interpretação da criação humana no Gênesis feita no Alfabeto de Ben-Sira, entre 600 e 1000 d.C, Lilith foi criada por Deus com a mesma matéria prima de Adão, porém ela recusava-se a "ficar sempre por baixo durante as suas relações sexuais". Na modernidade, isso levou a popularização da noção de que Lilith foi a primeira mulher a rebelar-se contra o sistema patriarcal e a primeira feminista.
Estátua babilônica em terracota atribuída a Lilith de 1.500-2000a.C
Segundo este manuscrito milenar, Ben Sira conta a história de Lilith para Nabucodonosor:
Depois que Deus criou Adão, que estava sozinho, Ele disse: 'Não é bom que o homem esteja só "(Gênesis 2:18). Ele então criou a mulher para Adão, da terra, como Ele havia criado o próprio Adão, e chamou-a de Lilith. Adão e Lilith imediatamente começaram a brigar. Lilith disse: "Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu corpo? Por que ser dominada por ti?" Contudo, eu também fui feita de pó e por isso sou tua igual." Quando reclamou de sua condição a Deus, ele retrucou: "Eu não vou me deitar abaixo de você, apenas por cima. Pois você está apta apenas para estar na posição inferior, enquanto eu sou um ser superior." Lilith respondeu: "Nós somos iguais um ao outro, considerando que ambos fomos criados a partir da terra". Mas eles não deram ouvidos um ao outro. Quando Lilith percebeu isso, ela pronunciou o Nome Inefável e voou para o ar. Adão permaneceu em oração diante do seu Criador: "Soberano do universo! A mulher que você me deu fugiu!". Ao mesmo tempo, o Senhor, bendito seja Ele, enviou três anjos para trazê-la de volta.
Os três anjos foram insistiram que ela voltasse e ameaçaram afogá-la, porém ela se recusou a voltar, sendo assim condenada por Deus a perder cem filhos por dia. Desde então, para proteger os recém-nascidos da influência de Lilith, seria necessário colocar amuletos com o nome dos 3 anjos (Snvi, Snsvi, and Smnglof), lembrando-a de sua promessa.

Eva teria então sido criada a partir de Adão. Como outra interpretação diz que ela (lilith) juntou-se aos anjos caídos quando se casou com Samael, que tentou Eva, ao passo que Lilith tentou a Adão os fazendo cometer adultério. Desde então o homem foi expulso do paraíso e Lilith tentaria destruir a humanidade, filhos do adultério de Adão com Eva, pois mesmo abandonando seu marido ela não aceitava sua segunda mulher. Ela então passou a perseguir os homens, principalmente os adúlteros, crianças e recém casados para se vingar. Outras histórias referem-se a ela como surgida das trevas ou como um demônio do mar e não como igual ao homem.

Infere-se pelos textos e por amuletos medievais que ela era uma superstição comum entre os camponeses. Deixar esculturas dos 3 anjos que a perseguiram para fora do Éden, Sanvi, Sansavi e Samangelaf, protegeria os bebês recém-nascidos (uma proteção necessária por 8 dias para homens e 20 dias para mulheres) e impediria que seus maridos fossem seduzidos por Lilith a cometer adultério.
A imagem mais conhecida que temos dela é a imagem que nos foi dada pela cultura hebraica, uma vez que esse povo foi aprisionado e reduzido à servidão na Babilônia, onde Lilith era cultuada, é bem provável que vissem Lilith como um símbolo de algo negativo. Vemos assim a transformação de Lilith no modelo hebraico de demônio. Assim surgiu as lendas vampíricas: Lilith tinha 100 filhos por dia, súcubus quando mulheres e íncubus quando homens, ou simplesmente lilims. Eles se alimentavam da energia desprendida no ato sexual e de sangue humano. Também podiam manipular os sonhos humanos, seriam os geradores das poluções noturnas. 
Há certas particularidades interessantes nos ataques de Lilith, como o aperto esmagador sobre o peito, uma vingança por ter sido obrigada a ficar por baixo de Adão, e sua habilidade de cortar o pênis com sua vagina segundo os relatos católicos medievais. Ao mesmo tempo que ela representa a liberdade sexual feminina, também representa a castração masculina. 
 Fontes: http://deusario.com/serie-deusas-lilith-a-deusa-escura/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lilith 
Enciclopédia dos Vampiros - J. Gordon Melton - M. Books - 2008

domingo, 20 de novembro de 2011

Como a noite descesse...


Como a noite descesse e eu me sentisse só, só e
                 [ desesperado diante dos horizontes 
                 [ que se fechavam,
gritei alto, bem alto: ó doce e incorruptível
                 [ Aurora! e vi logo que só as estrelas 
                 [ é que me entenderiam.
Era preciso esperar que o próprio passado
                                           [ desaparecesse,
ou então voltar à infância.
Onde, entretanto, quem me dissesse
ao coração trêmulo:
— É por aqui!

Onde, entretanto, quem me dissesse
ao espírito cego:
— Renasceste: liberta-te!

Se eu estava só, só e desesperado,
por que gritar tão alto?
Por que não dizer baixinho, como quem reza:
— Ó doce e incorruptível Aurora...
se só as estrelas é que me entenderiam?
 
Emílio Moura
fonte: Itinerário Poético — Poemas Reunidos
   
Editora UFMG, 2a. edição - Belo Horizonte, 2002

domingo, 13 de novembro de 2011

Vampiros no Cinema - OS GAROTOS PERDIDOS


Filmaço de vampiros, Os Garotos Perdidos (The Lost Boys) é um dos filmes que marcou a minha infância. Com um roteiro bem diferente da saga "Crepúsculo" este filme mostra vampiros realmente maus. "Bad boys" de verdade.
Sinopse: Lucy (Dianne Wiest) vai morar com Michael (Jason Patric) e Sam (Corey Haim), seus filhos, em Santa Clara, uma cidade que tem muitos jovens desaparecidos. Logo os dois irmãos descobrem que uma gangue de motoqueiros está mais morta do que viva, pois estão se transformando em vampiros. Sam tem que trabalhar rápido, pois Michael está se apaixonando por Star (Jami Gertz), uma destas criaturas, e está gradualmente se tornando um deles.
Em ritmo de videoclipe, focando a juventude eternamente transviada, é um filme que é a cara dos anos 80, numa mistura de terror, ação e comédia nas doses certas. Destaque para Kiefer Shuterland, muito melhor como vampiro do que como "Jack Bauer". 

Título original: (The Lost Boys)
Lançamento: 1987 (EUA)
Direção: Joel Schumacher
Atores: Jason Patric, Corey Haim, Dianne Wiest, Bernard Hughes.
Duração: 98 min
Gênero: Terror
Referências: www.adorocinema.com/filmes/garotos-perdidos/
www.youtube.com                                                      

sábado, 3 de setembro de 2011

Cultura Vampiresca - INCUBUS E SUCCUBUS


Os Incubus e as Succubus são figuras demoníacas intimamente associadas ao vampirismo. O Incubus é  conhecido pelo hábito de invadir o quarto de uma mulher à noite, forçando-a ao sexo. A Succubus, a sua contraparte feminina, ataca os homens da mesma maneira. A experiência do ataque do incubus/succubus varia de extremo prazer ao absoluto terror. É, como já assinalou o psicoterapeuta Ernest Jones, o mesmo espectro de experiências descritas na moderna literatura entre o sonho erótico e o pesadelo. O incubus/succubus se parece com um vampiro na medida em que ataca as pessoas durante a noite enquanto dormem. Freqüentemente ataca uma pessoa noite após noite, como o vampiro dos ciganos, deixando suas vítimas exaustas. Entretanto é diferente do vampiro moderno na medida em que não sugava o sangue de suas vítimas.
O incubus parece ter se originado da antiga prática de incubação, onde uma pessoa ia ao templo de uma divindade e lá repousava. No decurso da noite a pessoa teria um contato com a divindade, muitas vezes esse contato envolvia relações sexuais, ou na forma de sonho ou com um dos representantes da divindade, bem humano. Isso estava na raiz de diversas práticas religiosas, incluindo a prostituição nos templos. A religião de incubação mais bem sucedida estava ligada a Esculápio, um deus da cura que se especializara, entre outras coisas, em curar a esterilidade. O cristianismo, que equiparou as divindades pagãs aos seres demoníacos, encarava essa prática de relações com uma divindade como forma de atividade demoníaca.
Através dos séculos, duas principais correntes de opinião sobre as origens dos incubi e dos succubi competiam uma com a outra. Alguns a viam como sonhos, invenções de uma vida fantasiosa da pessoa que experimentava tais visitações. Outros argumentavam a favor da existência objetiva dos espíritos malignos; eram instrumentos do demônio. No século XV os líderes religiosos, especialmente os que estavam ligados à Inquisição preferiam essa última explicação, ligando a atividade demoníaca dos incubi e succubi à bruxaria. O grande instrumento dos caçadores de bruxas, Malleus Maleficarum, "O Martelo das Bruxas", supunha que todas as bruxas se submetiam voluntariamente aos incubi.
A existência objetiva do incubus/succubus foi sustentada por Tomás de Aquino no século XIII. Argumentava que crianças poderiam mesmo ser concebidas pelas relações entre uma mulher e um incubus. Acreditava que um espírito maligno poderia mudar de forma e aparecer como um succubus para um homem ou um incubus para uma mulher. Alguns pensadores argumentavam que o succubus coletava sêmen e, depois, na forma de um incubus, depositava-o numa mulher. As freiras parecem ter sido um alvo especial dos incubi pois os espíritos malignos pareciam ter prazer em atormentar aqueles que haviam escolhido uma vida santa. A idéia da existência objetiva dos incubi e succubi permaneceu até o século XVII quando uma tendência para a compreensão mais subjetiva se tornou perceptível.
Jones, um psicólogo freudiano, juntou o sucubus/inccubus e o vampiro como expressões de sentimentos sexuais reprimidos. O vampiro era visto como o mais intenso dos dois. Em virtude das semelhanças entre vampiros e os incubi/succubi, muitas das formas deste último aparecem freqüentemente nas listas de vampiros diferentes pelo mundo afora, como follets (francês), duendes (espanhol), alpes (alemão), e folletti (italiano). Intimamente ligado ao incubus estava o mare (teutônico antigo), mara (escandinavo) ou mora (eslavo), o espírito maligno de um pesadelo.
Jan L. Perkowsi assinalou que as histórias do vampiro eslavo também incluíam elementos do que parecia ser o mora. Ele os considerou no cômputo de vampiros que tinham experimentado uma contaminação demoníaca. Distinguiu cuidadosamente o vampiro (um cadáver reavivado) e o mora (um espírito de forma esférica) e criticou vampirologistas como Montague Summers, Dudley Wright e Gabriel Ronay por confundir as duas coisas. Também criticou Jones pelo mesmo motivo. Conquanto conhecesse que o vampiro e o mora compartilhavam o mesmo tipo de vítima (alguém dormindo), o fenômeno do vampiro precisava ser diferenciado na medida em que estava centrado em um cadáver enquanto o fenômeno mora não tinha essa referência e estava centrado inteiramente na vítima que havia sobrevivido a um ataque de espíritos malignos

 Fonte: O Livro dos Vampiros, A Enciclopédia dos Mortos Vivos - J. Gordon Melton





terça-feira, 12 de abril de 2011

Quadrinhos & Mangás - HELLSING

Hellsing (em japonês: ヘルシング Herushingu) é uma série de mangás lançada em 1997 por Kouta Hirano. O mangá, que teve seu último capítulo publicado na edição de Setembro de 2008, foi lançado em capítulos mensais pela revista japonesa Young King Ours. Hellsing possui edições publicadas em países como Estados Unidos, França e Espanha. Foi lançado no Brasil pela editora JBC. 

A História 
A Agência Hellsing, ou Ordem Real dos Cavaleiros Protestantes, é uma organização que tem a missão de acabar com criaturas que ameaçam o Império Britânico e a Igreja Protestante. Integra é a herdeira da família Hellsing designada para dirigir a organização. Ela é a mestra de Alucard, a “arma secreta” da agência que enfrenta ghouls (ou carniçais) e vampiros sob seu comando.
A cada edição acompanhamos Alucard e toda a tropa da Hellsing na caça à criaturas soturnas que fazem dos humanos seu prato favorito.

Os Personagens
Alucard: Vampiro que trabalha para a agência Hellsing. Ele ficou aprisionado no calabouço dos subterrâneos da Agência Hellsing até ser encontrado por Integra. Alucard usa uma pistola calibre 33mm forjada com a cruz de prata da catedral de Lancaster para acabar com freaks, ghouls e toda sorte decriaturas a mando de Sir Hellsing. Seu nome é a escrita inversa de Drácula.
Integra Hellsing: Também chamada de Sir Hellsing, ela é a chefe da Agência Hellsing. Quando tinha apenas 12 anos, teve de enfrentar seu tio, Richard, depois da morte de seu pai para assumir o controle da Agência e acabou salva por aquele que hoje é sua principal arma na luta contra as criaturas da noite.
Seras Victoria: Integrante do esquadrão de forças especiais da polícia, ela acaba transformada em vampira por Alucard para ter sua vida salva durante o ataque de um vampiro à aldeia Cherdars. Passa, então, a agir ao lado do vampiro caçador de monstros.


 
Hellsing ganhou uma série animada pelos estúdios GONZO, que foi ao ar pela rede de televisão Fuji entre outubro de 2001 e dezembro 2002.
O anime repercutiu com um grande sucesso no Japão e posteriormente exibido em países como Estados Unidos, Argentina, México e Brasil com igual êxito.Foram animados 13 episódios, em que somente os primeiros possuem relativa fidelidade ao enredo do mangá. A partir da sua metade, a história leva um rumo diferente e a trama se reduz a uma tentativa de uma vampira em transformar Integra em Ghoul, resultando em uma tentativa de se suicidar de Integra, para não ser infectada pela mordida e ganhando um corte grave no pescoço, e a aparição de um novo vampiro misterioso e tão poderoso quanto Alucard, vindo da África e chamado Incognito. O enredo do anime é considerado muito inferior ao original e, portanto, detestado por alguns fãs.
   A história é "pesada" como era de se esperar de um mangá do gênero, mas com toques de humor negro. Destaque para o impagável Alucard que deixa claro que o trabalho pode sim ser algo "divertido".


fontes: mangasjbc.uol.com.br/titulos/hellsing/ 
 http://animalog.com.br/hellsing-todos-os-episodios-online.html

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Profecia

Viverás sem rumo
Serás só e errante
Dormirás sob a terra úmida
E serás, da noite, o amante.

Viverás como animal
Perdido de seu ambiente
Teu alimento será a vida
Tua bebida, o sangue quente.

Viverás eternamente
E a solidão será teu estigma
Só verás tua própria imagem
No olhar de tua vítima.

Viverás o teu presente
Pois o futuro não existe
À noite, serás rei
E à aurora serás triste.

                                                             Caesarean
                                                              04/01/2011

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Vampiros Na Literatura - DRACULA

   
   É simplesmente impossível discorrer sobre o vampirismo sem falar em Dracula, a obra-prima do escritor irlandês Bram Stoker. Publicado em 1897, Dracula é, provavelmente, uma das obras mais inspiradoras - e também uma das mais plagiadas - já escritas. Foi o mito de Dracula que deu origem a toda a obra vampiresca da forma como a conhecemos hoje.
   Quando foi publicado pela primeira vez, em 1897, Dracula não foi um bestseller imediato, embora as criticas fossem incansáveis em seu louvor. O contemporâneo Daily Mail classificou Bram Stoker superior a Mary Shelley e Edgar Allan Poe. O romance tornou-se mais significativo para os leitores modernos do que foi para os leitores contemporâneos vitorianos. Só atingiu o seu grande status lendário clássico no século 20, quando as versões cinematograficas apareceram. No entanto, alguns fãs da época vitoriana o descreveram como "a sensação da temporada" e "o romance de gelar o sangue do século". Sir Arthur Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes, escreveu a Stoker em uma carta: "Eu escrevo para lhe dizer o quanto eu gostei de ler Dracula. Eu acho que é a melhor história de horror, que eu li em muitos anos". 

Capa da 1ª  edição
  
   Dracula tem sido designado como vários gêneros literários, incluindo literatura de vampiros, ficção de horror e romance gótico. O que mais chama a atenção é a forma  como Bram Stoker estruturou a estória, baseada nos registros das memórias de seus personagens (cartas, entradas de diários, registros de bordo, etc.).
   O romance inicia-se com a chegada do jovem Jonathan Harker a um castelo em uma remota zona da Transilvânia. Aí o jovem Harker conhece o excêntrico proprietário do castelo, o conde Drácula. Aos poucos Harker começa a perceber que há algo de estranho no anfitrião. Começa a entender que, mais do que um hóspede, é também um prisioneiro do conde Drácula.
   Seguidamente, Drácula decide viajar até à Inglaterra, deixando um rasto de morte e destruição por onde passa, enquanto Harker é deixado à guarda de três figuras femininas que se alimentavam de sangue humano. Harker consegue fugir e encontra-se com a sua noiva, Mina, em Budapeste.
   Já na Inglaterra, Lucy, amiga de Mina, começa a apresentar estranhos sintomas: uma enorme palidez e dois enigmáticos orifícios no pescoço. Seus amigos, John Seward, Quincey Morris e Arthur Holmwood, incapazes de perceber a origem daquela doença, recorrem ao auxílio do médico e cientista Dr. Abraham Van Helsing que compreende que Lucy tivera sido vítima dos ataques de um vampiro.


   Numa noite, Lucy e sua mãe são atacadas por um morcego – a versão animal do conde Drácula – e ambas morrem, embora de causas diferentes: Lucy tendo sido fruto do ataque sanguinário de Drácula e a mãe de Lucy vítima de ataque cardíaco provocado pelo medo. Lucy é enterrada, mas renasce como vampira e começa a perseguir crianças. Van Helsing e os amigos de Lucy, decididos a colocar um fim naquela forma de existência, pregam-lhe uma estaca no coração e cortam-lhe a cabeça, pois só assim ela poderia descansar em paz.
   Pouco tempo depois, para surpresa dos mesmos, percebem que Drácula tinha agora uma nova vítima, Mina, esposa de Jonathan Harker. Porém, além de se alimentar de Mina, Drácula também lhe dá o seu sangue a beber, ritual que os faz ficarem ligados espiritualmente.
   Decididos a destruir o vampiro e a salvar Mina, os homens o perseguem. Drácula foge para o seu castelo na Transilvânia, todavia, é destruído pelos perseguidores antes de concretizar tal objetivo, libertando Mina do seu domínio.


   Diversas versões de Dracula já foram publicadas no Brasil, a maioria delas incompletas - para não dizer "mutiladas" - ou com erros grotescos de tradução. Recomendo a versão "pocket-book" da editora Martin Claret (figura acima) que traz o texto na íntegra, honrando esse clássico da literatura de horror.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Contos do Lado Negro

 Este é o trecho inicial de um conto escrito por uma criatura que já conheceu as trevas mas que encontrou a luz e a qual eu tenho orgulho de chamar de amigo. Conhecido por muitos nomes, hoje responde pela alcunha de "Darth Breno Moore". Trago a vocês suas palavras:

 
"O que fazer quando a dúvida é a única certeza que temos?

Como escolher entre dois caminhos quando nenhum deles parece ser acolhedor?

Não há destino, senão aquele que construímos, mas nesses tempos difíceis caminhamos apenas sobre nossos próprios
passos, vivendo em uma era de incetezas na qual nenhum mortal sonhou viver.

Somos as testemunhas do final dos tempos, e o futuro, que para outros sempre foi uma página em branco a ser preenchida,
converte-se para nós em um cruel enigma da esfinge.

Não existe amanhã e o ontem já morreu. No crepúsculo da existência de tudo que é vivo, o que temos é uma eterna noite.

O peso da decisão que vai nortear o destino toda a Criação pesa sobre os meus ombros, e agora eu gostaria de ter as asas de um
dragão para voar rumo ao poente, sem compromisso de chegar à lugar algum que seja.

E quando estiver no limiar da exaustão, caminhar nú por planícies gélidas sob o pálido sol do inverno, o vento frio e cortante
penetrando minha carne como um milhão de adagas de gelo. Só para me sentir vivo. Só para sentir. Mas eu não posso.

A razão de uma existência ainda teima em se esconder nas entrelinhas dos acontecimentos cotidianos e, à medida que sinto
a revelação se aproximar, a ansiedade consome minha alma, tal como um demônio faminto se baquetearia com o mais
maligno dos corações.

Pai, o que faz um ser de luz se sentir acolhido em meio às trevas? Porque sinto que a escuridão é meu único e verdadeiro lar?

Preciso ser mais sombrio que o escuro que jurei combater. Tenho que inundar de medo de medo e desesperança corações que
nunca viram a Luz. Devo elevar a maldade a tal ponto, que aqueles que a cultivam saibam que não são mais que folhas secas
levadas ao vento, diante do suplício que lhes irei impor.

O mal não teme mais a luz e o bem é ridicularizado a cada dia.

Eles devem saber que algo pior que eles ainda vive. Devem experimentar a condensação de seus piores pesadelos extraídos
de seus medos mais infantis e obscuros.

Sentirão o máximo expoente das trevas e da carnificina, conhecerão a verdadeira face do mal e do horror e assim saberão
que seus crimes não ficarão impunes, nem nesta vida, nem na próxima.

Só assim o mundo um dia poderá voltar a acreditar na paz.

Só assim eu encontrarei minha redenção."

Darth Breno Moore

domingo, 21 de novembro de 2010

Games - VAMPIRO: A MÁSCARA

Mesmo aqueles que não são adeptos dos RPG's já devem ter ouvido falar de Vampiro: A Máscara, um dos RPG’s mais conhecidos e jogados em todo o mundo. 
A idéia central de Vampiro: A Máscara é que o jogador interprete um vampiro recém-criado, tentando sobreviver aos seus primeiros anos como um morto-vivo. O terror psicológico é muito importante para uma trama de "Vampiro", principalmente no que se refere ao aspecto de o personagem ir aos poucos se tornando um monstro, perdendo as características que o tornavam humano conforme se vê obrigado a se alimentar (e, por vezes, matar) seus antigos companheiros mortais. Assim sendo, o tema central do jogo não são batalhas nem guerras, mas sim como manter a sua "humanidade". Entende-se por "Máscara" o conjunto de regras e o comportamento que permitem aos vampiros viver entre os humanos sem serem notados.
   Para fundamentar o clima do jogo, supõe-se que os vampiros modernos "vivem" em meio a uma complexa sociedade de mortos-vivos. Eles se organizam em seitas, que fazem o papel de nações, e em clãs, que funcionam como grupos familiares, compartilhando características passadas através do sangue, de vampiro para vampiro. Fora seitas e clãs, um terceiro nível de organização são as linhagens, pequenos desmebramentos dos clãs que unem vampiros consanguíneos, com maior entrosamento familiar entre si que com o resto do clã do qual se originaram.
     As lendas dos vampiros de "a Máscara" sugerem que o progenitor de todos os mortos-vivos foi Caim, o assassino bíblico de seu irmão, Abel, que teria sido amaldiçoado por Deus e condenado a caminhar eternamente sobre o mundo na forma de um vampiro condenado a beber sangue. Por solidão, Caim teria criado três outros vampiros: Irad - O Forte, Enoch - O Governante e Lilah - a Bela. Os Três formariam a chamada "Segunda Geração" (também conhecidos como Antediluvianos). Esses três, por sua vez, originaram outros 13 vampiros, a "Terceira Geração", que foram os fundadores dos 13 clãs.
Seis desses clãs se organizaram sob a seita Camarilla; dois sob a seita Sabá e cinco permaneceram independentes:

Clãs da Camarilla

     A Camarilla é a maior seita de vampiros, e seu interesse é defender a Máscara, e desse modo, manter um lugar para os Membro nas noites modernas. A Camarilla é uma sociedade aberta; ela considera todos os vampiros como seus membros (queiram eles ou não), e qualquer vampiro pode requerer sua filiação, independente da linhagem. Oficialmente, a Camarilla não reconhece a existência dos Antediluvianos de Caim. Argumenta-se que esses vampiros, se é que de fato existiram, sofreram há muito tempo a morte final e aqueles que fazem alusão a eles são publicamente ridicularizados

1) Brujah: O clã Brujah é principalmente composto de rebeldes, com e sem causa. Individualistas, extrovertidos e turbulentos, os Brujah carregam o desejo de mudança social dentro de seus corações mortos e a hierarquia do clã contém alguns do membros mais violentos da Camarilla.
2) Malkavian: Até mesmos outros Vampiros temem os Malkavianos pois eles são incuravelmente insanos. Muitos deles já demonstraram horríveis impulsos assassinos ou uma completa ausência de emoções, incluindo a compaixão. Os Malkavianos possuem um intelecto sombrio que é frequentemente — e cada vez mais — voltado para propósitos assustadores.
3) Nosferatu: Enquanto os outros vampiros continuam com a aparência humana e podem participar da sociedade humana, os Nosferatu são distorcidos e deformados pela maldição do vampirismo. Por causa disso, os Nosteratu são desprezados e ignorados pelas outras crianças de Caim, que os consideram asquerosos e só interagem com eles quando necessário. Impossibilitados de andar entre os mortais, os Nosferatu precisam viver em esgotos subterrâneos e catacumbas para todo o sempre.
4) Toreador: Os Toreador são chamados de muitos nomes — "degenerados", "artistas", "fingidos" e "hedonistas" são apenas alguns. Dependendo de sua individualidade e de seu temperamento, os Toreador são alternadamente elegantes e extravagantes, brilhantes e lúdicos, visionários e dispersos. Talvez o único imperativo que pode se aplicar ao clã seja o zelo estético de seus membros. De todos os clãs, os Toreador são os que mais estão ligados ao mundo dos mortais. 
5) Tremere: Através de seus próprios artifícios, eles aprenderam a dominar uma forma de feitiçaria vampírica, completa com rituais e magias, que são tão potentes – se não mais – do que qualquer outro poder derivado do Sangue. São poucos os que interferem com estes magos mortos-vivos e saem ilesos. Os Tremere são vampiros do Velho Mundo, mas têm viajado através dos continentes em busca de novos postos de segurança.
6) VentrueDesde os tempos remotos, os Ventrue têm sido um clã de liderança, reforçando as tradições antigas e procurando moldar o destino dos Membros. Nas noites ancestrais, os Ventrue eram escolhidos entre nobres, principes mercantes ou outros controladores do poder. Nos tempos modernos, o clã recruta seus membros de ricas familias tradicionais, impiedosos executivos emergentes e políticos.

Clãs do Sabá
     A seita monstruosa conhecida como Sabá, é a arqui-inimiga da Camarilla. São vistos como selvagens irracionais e demônios com sede de sangue tanto pela Camarilla como pelos Membros independentes. O Sabá argumenta que os vampiros estão acima dos mortais, que são meramente comida ou diversão. Os vampiros do Sabá não querem um lugar entre os humanos ou entre os que querem ser humanos. Eles vêem a raça humana como mero sustento e não têm a habilidade de se relacionar com vampiros que não aceitam essa natureza.


1) Lasombra: Ao mesmo tempo graciosos e predatórios, os Lasombra guiam — se necessário com o chicote — o Sabá a ser uma força implacável. Através da Maldição de Caim, alguns Lasombra acreditam, Deus os abandonou, e portanto, é dever deles construir uma nova ordem na Terra, através do Sabá. Os Lasombra mais racionais zombam desta superstição, mas até mesmo eles tendem a acreditar que, como vampiros, eles representam uma nova e mais avançada raça inteligente, que ignora as petulantes noções de ética humanas.
2) Tzimisce: Se o clã Lasombra é o coração do Sabá, o clã Tzímisce é a alma . Até mesmo outros vampiros ficam inquietos perto destes misteriosos Membros, cujo apelido de "Demônios" lhes foi atribuído em noites passadas, por Membros de várias outras linhagens. Por milênios os Tzimisce vêm aperfeiçoando seu conhecimento sobre as condições vampíricas, alterando seus corpos e pensamentos em novos e estranhos padrões.Agora, os Tzimisce servem ao Sabá como estudiosos, conselheiros e sacerdotes.

Clãs Independentes
     Apesar de certamente possuírem a genealogia de verdadeiros clãs (ao contrário das muitas linhagens mestiças que ocasionalmente aparecem), os clãs independentes compartilham de uma forte aversão quanto a "escolherem um lado". Obviamente, alguns dos mais jovens membros de cada clã podem ser encontrados tanto entre a Camarilla como entre o Sabá. Contudo, os anciões dos clãs independentes planejam em prol de seus próprios objetivos imperscrutáveis, objetivos que seriam retardados por conceitos insensatos como o da submissão às seitas.

1) Assamitas: Os Assamitas vêm dos desolados desertos do Leste e são conhecidos dentro da sociedade dos vampiros como um clã de assassinos sanguinários, trabalhando para quem quer que possa pagar seu preço. Ao contrário dos outros clãs, os Assamitas não clamam ter um fundador da Terceira Geração. Eles acreditam que seu fundador era um membro da Segunda Geração, fazendo de todos os outros Cainítas, meras cópias imperfeitas deles.
2)Gangrel: Nômades solitários, desprezam a repressão da sociedade, preferindo o conforto de áreas selvagens. Quando um mortal fala sobre um vampiro se transformando em lobo ou morcego, ele provavelmente está falando de um Gangrel, pois eles são metamorfos. Os Gangrel são guerreiros ferozes, mas sua ferocidade é proveniente do instinto animal. Eles estão entre os Membros mais predadores e amam se envolver na excitação de uma caçada.
3) Giovanni: Os Giovanni são respeitosos, gentis e bem-educados. Podres de ricos, o Clã Giovanni rastreia suas raízes até antes do Renascimento, em uma família de príncipes mercantes. Os Giovanni normalmente possuem talentos profissionais, os que forem mais adequados para consolidar os empreendimentos do clã. Suas naturezas e comportamentos tendem ao astuto e egoísta, apesar da perversidade infeccionar a incestuosa família e muitos serem pouco convencionais.
4) Ravnos: Se um clã pode ser conhecido por seu malicioso senso de humor negro, este clã é o Ravnos. Estes Cainitas são enganadores de primeira, tramando ilusões e mentiras em esquemas elaborados para afastar os tolos do caminho do que quer que os Ravnos estejam ambicionando. Os Ravnos são essencialmente nômades e dão pouca importância a refúgios permanentes ou posições dentro da estrutura de poder estabelecida em uma cidade.
5) Seguidores de Set: Os Seguidores de Set, chamados de "Setitas", talvez sejam o menos confiável de todos os clãs. Seus laços com o arquétipo mitológico da Serpente são bem conhecidos e apoiados por seus perturbadores poderes. Para alcançar seus objetivos, os Setitas dominam várias ferramentas poderosas. Para eles, o vício, a sedução e a decadência são os melhores meios de alcançar seu fim.Tanto Membros quanto mortais sucumbem ao charme dos Setitas, fazendo alegremente o que quer que seus novos mestres peçam, em troca do patronato das serpentes.


Vampiro A Máscara é, sobretudo, um jogo de influência, disputa de poderes, de política, horror, manipulação e psicologia. Fatores que são comuns em nossas vidas, e que assistimos todos os dias, quando vemos os noticiários na TV, lemos os jornais ou escutamos as rádios.


Fontes: http://vampiro.forumeiros.com/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vampiro:_A_Mascara
http://www.vampiresworld.com.br

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Vampiros no Cinema - ENTREVISTA COM O VAMPIRO

 

     Este, com certeza, é o meu filme predileto sobre vampiros. Primeiro, porque é baseado numa obra de Anne Rice, uma das maiores escritoras deste gênero. Segundo, porque Tom Cruise dá um show de interpretação encarnando o vampiro Lestat. E terceiro, porque este é o filme que melhor explorou a "alma" do vampiro em toda a sua complexidade.
     Acidentalmente um repórter (Christian Slater) começa uma conversa com um homem (Brad Pitt) que diz ser um vampiro com duzentos anos e conta a trajetória de sua vida, desde a época em que ainda não era vampiro e como foi infectado pelo vampiro Lestat (Tom Cruise), com quem teve grandes aventuras mas também grandes desavenças

titulo original: (Interview With The Vampire - The Vampire Chronicles)
lançamento: 1994 (EUA)
direção: Neil Jordan
atores: Tom Cruise , Brad Pitt , Antonio Banderas , Stephen Rea , Christian Slater
duração: 122 min
gênero: Suspense

Referências: www.adorocinema.com/filmes/entrevista-com-vampiro/
www.youtube.com                                                                    

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Cultura vampiresca: LÂMIA



  A Grécia é uma das fontes mais antigas da lenda contemporânea do vampiro. Escritos da Grécia antiga registram a existência de três criaturas vampíricas: o lamiai, o empusai e o mormolykiai.
   O nome lamiai vem de Lâmia, uma belíssima rainha da Líbia, filha de Poseidon e amante de Zeus, de quem concebeu muitos filhos, dentre os quais a ninfa Líbia. Hera, mulher de Zeus, corroída pelos ciúmes, matava seus filhos ao nascer e, ao final, a transformou em um monstro (em outras versões Lâmia foi esconder-se em uma caverna isolada e o que a transformou em um monstro foi seu próprio desespero). Por fim, para torturá-la ainda mais, Lâmia foi condenada por Hera a não poder cerrar os olhos, para que ficasse para sempre obcecada com a imagem dos filhos mortos. Zeus, apiedado, deu-lhe o dom de poder extrair os olhos de vez em quando para descansar.
   A terrível inveja que Lâmia sentia das outras mães fazia com que vagasse noite e dia sem dormir, espreitando as crianças para as devorar. Devido a esta lenda, a Lâmia era usada na antiguidade para assustar as crianças, da mesma forma que a Cuca e o Bicho Papão, no folclore português e brasileiro. O poeta Horácio (Quintus Flavius Horatius) fala sobre ela em sua Ars Poetica "Ficta uoluptatis causa sint proxima ueris, // ne quodcumque uolet poscat sibi fabula credi,// neu pransae Lamiae uiuum puerum extrahat aluo." Não exija a história que se acredite em qualquer coisa que queira, nem extraia vivo do ventre de Lamia o menino por ela almoçado.
 Diversas histórias são contadas a respeito de Lâmia. Sua aparência também varia de lenda para lenda. Na maior parte das versões, contudo, seu corpo, abaixo da cintura, tem a forma de uma cauda de serpente. Esta versão popularizou-se especialmente a partir do poema Lamia, publicado pelo inglês John Keats em 1819. Diodoro Sículo, por sua vez, a descreve como uma mulher de rosto distorcido.
Lamia, posteriormente, virou protótipo de uma classe de seres modelados à sua imagem, descritos como mulheres de aparência rude, deformadas e com a parte inferior do corpo em forma de serpente. Os pés não eram emparelhados, sendo um feito de latão e o outro e o outro com a forma de pata de animal, geralmente a de um bode, jumento ou boi. As lamias eram tidas principalmente como seres demoníacos que sugavam o sangue de crianças pequenas; entretanto, tinham o poder de se transformar em lindas donzelas a fim de atrair e seduzir homens jovens.
As pessoas logo perderam se medo das lamias e, mesmo em tempos ancestrais, elas tinham se tornado um meio de os pais assustarem seus filhos. Entretanto, quando uma criança morre de repente de causa desconhecida, um ditado ainda popular na Grécia sugere que a criança foi estrangulada por uma lamia.

fontes: Enciclopédia dos Vampiros - J. Gordon Melton - M. Books - 2008
  http://pt.wikipedia.org/wiki/Lâmia_(mitologia)                                

Quadrinhos & Mangás: ROSARIO+VAMPIRE

   Não sou um grande consumidor de mangás, mas quando um título me atrai eu costumo colecionar até o fim. Se o título trouxer a palavra "vampire" na capa as chances de me atrair aumentam consideravelmente. Foi o que aconteceu com o mangá Rosario+Vampire. Um verdadeiro caso de "amor à primeira mordida".
   Lançado no Japão em 2004, Rosario+Vampire começou a ser publicado no Brasil em Agosto deste ano pela Panini Comics. Soube que o título já foi adaptado para "anime" mas eu ainda não assisti.

   Tsukune Aono é um garoto comum que não pôde entrar para o ensino médio devido às más notas na escola. Porém, seu pai, durante uma caminhada, vê um homem (por ele descrito como um sacerdote e certo que ele estava num beco escuro parecendo um louco) deixar cair ao chão um documento. Ao pegá-lo, viu que se tratava de uma carta-convite ao portador para ingressar numa escola de ensino médio, a Youkai Gakuen (na versão em inglês, Youkai Academy). Sem dar ou pedir satisfações ao homem, leva o folheto para casa e o apresenta à esposa e ao filho como sendo a solução para o problema de Tsukune. Entretanto, a Youkai Gakuen é um internato para youkais (demônios), onde além dos conteúdos curriculares tradicionais os alunos são preparados para coexistir com os humanos e assim conseguirem sobreviver num mundo hoje dominado por estes últimos. Humanos não podem entrar nesta escola, e o regulamento prevê que qualquer um que ali pise seja imediatamente morto. Certo de que entrou ali por engano e temendo por sua vida, Tsukune tenta fugir da escola, mas decide ficar por se apaixonar por Moka Akashiya, uma bela vampira que também estuda ali. Ele decide permanecer, escondendo a sua natureza humana de alunos e professores. Ele também descobre que, quando o rosário em torno do pescoço de Moka é removido, a sua verdadeira natureza emerge. Ao longo do tempo vão entrando outros personagens, como a súcubo Kurumu, a bruxa Yukari, a "garota de gelo" Mizore, entre outros. A história se desenrola mostrando o amadurecimento dos personagens à medida que vão enfrentando uma série de desafios.

   Como é tradição na maioria dos mangás a história apela bastante para a sensualidade das personagens femininas. Nas cenas de luta, principalmente, Kurumu e Moka sempre mostram um pouquinho dos seus atributos (a Kurumu deve usar sutiã nº 50, por exemplo). Existem alguns momentos bem violentos também (com direito à muito sangue) nas lutas entres os seres monstruosos. Mas o ponto alto do mangá é o humor. O quase-romance entre os personagens Tsukune e Moka é o gancho para as situações mais inusitadas que você possa imaginar, sem falar na "paixão" de Moka pelo sangue de Tsukune. Simplesmente hilário!

Referências: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rosario_%2B_Vampire