sábado, 13 de novembro de 2010

Nosferatu

Há muito que percorro
os confins do firmamento.
Do poente ao crepúsculo,
da luz às trevas,
do efêmero ao eterno.

Há muito que vago,
pelo tempo e pelas sombras,
procurando a tua essência.
Há muito que desejo
embriagar-me em teu calor.

Há muito que aqui estou
existindo sem viver.
Além de toda a humanidade,
percorrendo terras e eras
pelo néctar de teu beijo.

Há muito que aguardo
o ocaso deste mundo
preso, nesta estranha ponte
que começa onde termina a vida
e termina onde começa a morte...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O QUE É UM VAMPIRO?

    A definição comum: um cadáver reavivado que levanta do túmulo para sugar o sangue dos vivos e assim reter a aparência da vida. Essa definição rapidamente se prova inadequada quando nos aproximamos do reinado do folclore vampírico.
   Embora o assunto quase sempre leve à discussão sobre a morte, nem todos os vampiros são corpos ressuscitados. Inúmeros deles são espíritos demoníacos desencarnados. Nessa ordem de idéias estão os numerosos vampiros e demônios vampíricos da mitologia indígena e os lamiai da Grécia. Os vampiros também podem aparecer como o espírito desencarnado de um morto que retém uma existência substancial; como no relato de muitos fantasmas, esses vampiros podem ser confundidos com um cadáver totalmente encarnado. Da mesma forma, no contexto literário secular moderno, os vampiros às vezes emergem como uma espécie diferente de vida inteligente (possivelmente do espaço sideral ou produto de mutação genética) ou ainda como seres humanos normais que têm um hábito incomum (como beber sangue) ou um poder extraordinário (como a possibilidade de "drenar" as pessoas emocionalmente). Os vampiros existem em numerosas formas, embora a grande maioria seja de mortos que ressuscitam.
   Conforme é do conhecimento geral, a característica compartilhada por todas essas diferentes entidades vampíricas é sua necessidade de sangue, que retiram de seres humanos e animais. Todavia, a aparente definição comum deve ser consideravelmente suplementada. Alguns vampiros não tomam sangue, pelo contrário, roubam da vítima o que se julga ser sua força vital.
   Os escritores românticos do século 19 e os ocultistas sugeriram que o vampirismo envolvia a perda de força psíquica para o vampiro e escreveram sobre relacionamentos vampíricos que tinham pouco a ver com a troca de sangue. O próprio Drácula citou a Bíblia ao afirmar que "sangue é vida".
   No outro extremo, alguns vampiros "modernos" são simplesmente bebedores de sangue. Eles não atacam nem drenam suas vítimas, mas conseguem sangue de várias maneiras legais (como, por exemplo, localizando um doador voluntário ou as fontes de um banco de sangue). Nesses casos, o consumo de sangue tem pouco a ver com qualquer relacionamento contínuo com a fonte do sangue. Este, como os alimentos, é simplesmente consumido.
   A grande variedade de criaturas parecidas com vampiros, encontradas em todo o mundo, funciona de maneira bem diferente em culturas e ambientes distintos. Assim, os camarotz da América Central compartilham diversas características com o vampiro da Europa Oriental, mas cada um exerce um papel diferente na mitologia de sua própria cultura e é encontrado em situações diferentes. Em cada cultura o "vampiro" adquire características distintas.
   A despeito dessas diferenças culturais, existem tipos comuns de vampiros que parecem transpor as fronteiras culturais. O lamiai, por exemplo, que se classifica entre as criaturas vampíricas gregas mais antigas, parece ter surgido em resposta a uma série de problemas relativos ao parto. O lamiai atacava bebês e crianças muito pequenas, de modo que: óbitos inexplicáveis de mulheres no parto e/ou de seus filhos poderiam ser atribuídos ao trabalho dos vampiros. Isso se assemelha à função do langsuyar malaio e da Lilith judaica.
   Da mesma forma, culturas muitíssimo diferentes possuíam um vampiro que basicamente atacava mulheres jovens. Esses vampiros, que apareciam repetidamente nos contos populares da Europa Oriental, exerciam um papel vital no processo de controle social. As histórias desses jovens e bem apessoados vampiros avisavam as virgens em sua pós-adolescência a não desprezarem os conselhos de seus pais e dos padres e a evitarem contato com estranhos jovens glamourosos, o que somente poderia levar ao desastre.
   Outro grande grupo de vampiros nasceu dos encontros com a morte, especialmente a morte súbita de um ente querido devido à suicídio, acidente ou doença desconhecida. As pessoas que morriam subitamente deixavam parentes e amigos com as agendas inacabadas para com os mortos. Laços emocionalmente fortes e delitos não corrigidos pelos recém-falecidos faziam com que eles deixassem seus locais de descanso para atacar membros da família, amantes e vizinhos com quem poderiam ter tido desavenças. Se não lhes fosse possível alcançar um alvo humano, avançavam sobre suas fontes de alimentação (por exemplo, o rebanho). As histórias de ataques desses vampiros adultos recém-falecidos sobre seus parentes e vizinhos fundamentam diretamente o surgimento da moderna literatura e cinematografia sobre os vampiros.


                                                
Fonte: Enciclopédia dos Vampiros (J. Gordon Melton - M.BOOKS - 2008)