quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Cultura vampiresca: LÂMIA



  A Grécia é uma das fontes mais antigas da lenda contemporânea do vampiro. Escritos da Grécia antiga registram a existência de três criaturas vampíricas: o lamiai, o empusai e o mormolykiai.
   O nome lamiai vem de Lâmia, uma belíssima rainha da Líbia, filha de Poseidon e amante de Zeus, de quem concebeu muitos filhos, dentre os quais a ninfa Líbia. Hera, mulher de Zeus, corroída pelos ciúmes, matava seus filhos ao nascer e, ao final, a transformou em um monstro (em outras versões Lâmia foi esconder-se em uma caverna isolada e o que a transformou em um monstro foi seu próprio desespero). Por fim, para torturá-la ainda mais, Lâmia foi condenada por Hera a não poder cerrar os olhos, para que ficasse para sempre obcecada com a imagem dos filhos mortos. Zeus, apiedado, deu-lhe o dom de poder extrair os olhos de vez em quando para descansar.
   A terrível inveja que Lâmia sentia das outras mães fazia com que vagasse noite e dia sem dormir, espreitando as crianças para as devorar. Devido a esta lenda, a Lâmia era usada na antiguidade para assustar as crianças, da mesma forma que a Cuca e o Bicho Papão, no folclore português e brasileiro. O poeta Horácio (Quintus Flavius Horatius) fala sobre ela em sua Ars Poetica "Ficta uoluptatis causa sint proxima ueris, // ne quodcumque uolet poscat sibi fabula credi,// neu pransae Lamiae uiuum puerum extrahat aluo." Não exija a história que se acredite em qualquer coisa que queira, nem extraia vivo do ventre de Lamia o menino por ela almoçado.
 Diversas histórias são contadas a respeito de Lâmia. Sua aparência também varia de lenda para lenda. Na maior parte das versões, contudo, seu corpo, abaixo da cintura, tem a forma de uma cauda de serpente. Esta versão popularizou-se especialmente a partir do poema Lamia, publicado pelo inglês John Keats em 1819. Diodoro Sículo, por sua vez, a descreve como uma mulher de rosto distorcido.
Lamia, posteriormente, virou protótipo de uma classe de seres modelados à sua imagem, descritos como mulheres de aparência rude, deformadas e com a parte inferior do corpo em forma de serpente. Os pés não eram emparelhados, sendo um feito de latão e o outro e o outro com a forma de pata de animal, geralmente a de um bode, jumento ou boi. As lamias eram tidas principalmente como seres demoníacos que sugavam o sangue de crianças pequenas; entretanto, tinham o poder de se transformar em lindas donzelas a fim de atrair e seduzir homens jovens.
As pessoas logo perderam se medo das lamias e, mesmo em tempos ancestrais, elas tinham se tornado um meio de os pais assustarem seus filhos. Entretanto, quando uma criança morre de repente de causa desconhecida, um ditado ainda popular na Grécia sugere que a criança foi estrangulada por uma lamia.

fontes: Enciclopédia dos Vampiros - J. Gordon Melton - M. Books - 2008
  http://pt.wikipedia.org/wiki/Lâmia_(mitologia)                                

Quadrinhos & Mangás: ROSARIO+VAMPIRE

   Não sou um grande consumidor de mangás, mas quando um título me atrai eu costumo colecionar até o fim. Se o título trouxer a palavra "vampire" na capa as chances de me atrair aumentam consideravelmente. Foi o que aconteceu com o mangá Rosario+Vampire. Um verdadeiro caso de "amor à primeira mordida".
   Lançado no Japão em 2004, Rosario+Vampire começou a ser publicado no Brasil em Agosto deste ano pela Panini Comics. Soube que o título já foi adaptado para "anime" mas eu ainda não assisti.

   Tsukune Aono é um garoto comum que não pôde entrar para o ensino médio devido às más notas na escola. Porém, seu pai, durante uma caminhada, vê um homem (por ele descrito como um sacerdote e certo que ele estava num beco escuro parecendo um louco) deixar cair ao chão um documento. Ao pegá-lo, viu que se tratava de uma carta-convite ao portador para ingressar numa escola de ensino médio, a Youkai Gakuen (na versão em inglês, Youkai Academy). Sem dar ou pedir satisfações ao homem, leva o folheto para casa e o apresenta à esposa e ao filho como sendo a solução para o problema de Tsukune. Entretanto, a Youkai Gakuen é um internato para youkais (demônios), onde além dos conteúdos curriculares tradicionais os alunos são preparados para coexistir com os humanos e assim conseguirem sobreviver num mundo hoje dominado por estes últimos. Humanos não podem entrar nesta escola, e o regulamento prevê que qualquer um que ali pise seja imediatamente morto. Certo de que entrou ali por engano e temendo por sua vida, Tsukune tenta fugir da escola, mas decide ficar por se apaixonar por Moka Akashiya, uma bela vampira que também estuda ali. Ele decide permanecer, escondendo a sua natureza humana de alunos e professores. Ele também descobre que, quando o rosário em torno do pescoço de Moka é removido, a sua verdadeira natureza emerge. Ao longo do tempo vão entrando outros personagens, como a súcubo Kurumu, a bruxa Yukari, a "garota de gelo" Mizore, entre outros. A história se desenrola mostrando o amadurecimento dos personagens à medida que vão enfrentando uma série de desafios.

   Como é tradição na maioria dos mangás a história apela bastante para a sensualidade das personagens femininas. Nas cenas de luta, principalmente, Kurumu e Moka sempre mostram um pouquinho dos seus atributos (a Kurumu deve usar sutiã nº 50, por exemplo). Existem alguns momentos bem violentos também (com direito à muito sangue) nas lutas entres os seres monstruosos. Mas o ponto alto do mangá é o humor. O quase-romance entre os personagens Tsukune e Moka é o gancho para as situações mais inusitadas que você possa imaginar, sem falar na "paixão" de Moka pelo sangue de Tsukune. Simplesmente hilário!

Referências: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rosario_%2B_Vampire

sábado, 13 de novembro de 2010

Nosferatu

Há muito que percorro
os confins do firmamento.
Do poente ao crepúsculo,
da luz às trevas,
do efêmero ao eterno.

Há muito que vago,
pelo tempo e pelas sombras,
procurando a tua essência.
Há muito que desejo
embriagar-me em teu calor.

Há muito que aqui estou
existindo sem viver.
Além de toda a humanidade,
percorrendo terras e eras
pelo néctar de teu beijo.

Há muito que aguardo
o ocaso deste mundo
preso, nesta estranha ponte
que começa onde termina a vida
e termina onde começa a morte...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O QUE É UM VAMPIRO?

    A definição comum: um cadáver reavivado que levanta do túmulo para sugar o sangue dos vivos e assim reter a aparência da vida. Essa definição rapidamente se prova inadequada quando nos aproximamos do reinado do folclore vampírico.
   Embora o assunto quase sempre leve à discussão sobre a morte, nem todos os vampiros são corpos ressuscitados. Inúmeros deles são espíritos demoníacos desencarnados. Nessa ordem de idéias estão os numerosos vampiros e demônios vampíricos da mitologia indígena e os lamiai da Grécia. Os vampiros também podem aparecer como o espírito desencarnado de um morto que retém uma existência substancial; como no relato de muitos fantasmas, esses vampiros podem ser confundidos com um cadáver totalmente encarnado. Da mesma forma, no contexto literário secular moderno, os vampiros às vezes emergem como uma espécie diferente de vida inteligente (possivelmente do espaço sideral ou produto de mutação genética) ou ainda como seres humanos normais que têm um hábito incomum (como beber sangue) ou um poder extraordinário (como a possibilidade de "drenar" as pessoas emocionalmente). Os vampiros existem em numerosas formas, embora a grande maioria seja de mortos que ressuscitam.
   Conforme é do conhecimento geral, a característica compartilhada por todas essas diferentes entidades vampíricas é sua necessidade de sangue, que retiram de seres humanos e animais. Todavia, a aparente definição comum deve ser consideravelmente suplementada. Alguns vampiros não tomam sangue, pelo contrário, roubam da vítima o que se julga ser sua força vital.
   Os escritores românticos do século 19 e os ocultistas sugeriram que o vampirismo envolvia a perda de força psíquica para o vampiro e escreveram sobre relacionamentos vampíricos que tinham pouco a ver com a troca de sangue. O próprio Drácula citou a Bíblia ao afirmar que "sangue é vida".
   No outro extremo, alguns vampiros "modernos" são simplesmente bebedores de sangue. Eles não atacam nem drenam suas vítimas, mas conseguem sangue de várias maneiras legais (como, por exemplo, localizando um doador voluntário ou as fontes de um banco de sangue). Nesses casos, o consumo de sangue tem pouco a ver com qualquer relacionamento contínuo com a fonte do sangue. Este, como os alimentos, é simplesmente consumido.
   A grande variedade de criaturas parecidas com vampiros, encontradas em todo o mundo, funciona de maneira bem diferente em culturas e ambientes distintos. Assim, os camarotz da América Central compartilham diversas características com o vampiro da Europa Oriental, mas cada um exerce um papel diferente na mitologia de sua própria cultura e é encontrado em situações diferentes. Em cada cultura o "vampiro" adquire características distintas.
   A despeito dessas diferenças culturais, existem tipos comuns de vampiros que parecem transpor as fronteiras culturais. O lamiai, por exemplo, que se classifica entre as criaturas vampíricas gregas mais antigas, parece ter surgido em resposta a uma série de problemas relativos ao parto. O lamiai atacava bebês e crianças muito pequenas, de modo que: óbitos inexplicáveis de mulheres no parto e/ou de seus filhos poderiam ser atribuídos ao trabalho dos vampiros. Isso se assemelha à função do langsuyar malaio e da Lilith judaica.
   Da mesma forma, culturas muitíssimo diferentes possuíam um vampiro que basicamente atacava mulheres jovens. Esses vampiros, que apareciam repetidamente nos contos populares da Europa Oriental, exerciam um papel vital no processo de controle social. As histórias desses jovens e bem apessoados vampiros avisavam as virgens em sua pós-adolescência a não desprezarem os conselhos de seus pais e dos padres e a evitarem contato com estranhos jovens glamourosos, o que somente poderia levar ao desastre.
   Outro grande grupo de vampiros nasceu dos encontros com a morte, especialmente a morte súbita de um ente querido devido à suicídio, acidente ou doença desconhecida. As pessoas que morriam subitamente deixavam parentes e amigos com as agendas inacabadas para com os mortos. Laços emocionalmente fortes e delitos não corrigidos pelos recém-falecidos faziam com que eles deixassem seus locais de descanso para atacar membros da família, amantes e vizinhos com quem poderiam ter tido desavenças. Se não lhes fosse possível alcançar um alvo humano, avançavam sobre suas fontes de alimentação (por exemplo, o rebanho). As histórias de ataques desses vampiros adultos recém-falecidos sobre seus parentes e vizinhos fundamentam diretamente o surgimento da moderna literatura e cinematografia sobre os vampiros.


                                                
Fonte: Enciclopédia dos Vampiros (J. Gordon Melton - M.BOOKS - 2008)