terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Vampiros Na Literatura - DRACULA

   
   É simplesmente impossível discorrer sobre o vampirismo sem falar em Dracula, a obra-prima do escritor irlandês Bram Stoker. Publicado em 1897, Dracula é, provavelmente, uma das obras mais inspiradoras - e também uma das mais plagiadas - já escritas. Foi o mito de Dracula que deu origem a toda a obra vampiresca da forma como a conhecemos hoje.
   Quando foi publicado pela primeira vez, em 1897, Dracula não foi um bestseller imediato, embora as criticas fossem incansáveis em seu louvor. O contemporâneo Daily Mail classificou Bram Stoker superior a Mary Shelley e Edgar Allan Poe. O romance tornou-se mais significativo para os leitores modernos do que foi para os leitores contemporâneos vitorianos. Só atingiu o seu grande status lendário clássico no século 20, quando as versões cinematograficas apareceram. No entanto, alguns fãs da época vitoriana o descreveram como "a sensação da temporada" e "o romance de gelar o sangue do século". Sir Arthur Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes, escreveu a Stoker em uma carta: "Eu escrevo para lhe dizer o quanto eu gostei de ler Dracula. Eu acho que é a melhor história de horror, que eu li em muitos anos". 

Capa da 1ª  edição
  
   Dracula tem sido designado como vários gêneros literários, incluindo literatura de vampiros, ficção de horror e romance gótico. O que mais chama a atenção é a forma  como Bram Stoker estruturou a estória, baseada nos registros das memórias de seus personagens (cartas, entradas de diários, registros de bordo, etc.).
   O romance inicia-se com a chegada do jovem Jonathan Harker a um castelo em uma remota zona da Transilvânia. Aí o jovem Harker conhece o excêntrico proprietário do castelo, o conde Drácula. Aos poucos Harker começa a perceber que há algo de estranho no anfitrião. Começa a entender que, mais do que um hóspede, é também um prisioneiro do conde Drácula.
   Seguidamente, Drácula decide viajar até à Inglaterra, deixando um rasto de morte e destruição por onde passa, enquanto Harker é deixado à guarda de três figuras femininas que se alimentavam de sangue humano. Harker consegue fugir e encontra-se com a sua noiva, Mina, em Budapeste.
   Já na Inglaterra, Lucy, amiga de Mina, começa a apresentar estranhos sintomas: uma enorme palidez e dois enigmáticos orifícios no pescoço. Seus amigos, John Seward, Quincey Morris e Arthur Holmwood, incapazes de perceber a origem daquela doença, recorrem ao auxílio do médico e cientista Dr. Abraham Van Helsing que compreende que Lucy tivera sido vítima dos ataques de um vampiro.


   Numa noite, Lucy e sua mãe são atacadas por um morcego – a versão animal do conde Drácula – e ambas morrem, embora de causas diferentes: Lucy tendo sido fruto do ataque sanguinário de Drácula e a mãe de Lucy vítima de ataque cardíaco provocado pelo medo. Lucy é enterrada, mas renasce como vampira e começa a perseguir crianças. Van Helsing e os amigos de Lucy, decididos a colocar um fim naquela forma de existência, pregam-lhe uma estaca no coração e cortam-lhe a cabeça, pois só assim ela poderia descansar em paz.
   Pouco tempo depois, para surpresa dos mesmos, percebem que Drácula tinha agora uma nova vítima, Mina, esposa de Jonathan Harker. Porém, além de se alimentar de Mina, Drácula também lhe dá o seu sangue a beber, ritual que os faz ficarem ligados espiritualmente.
   Decididos a destruir o vampiro e a salvar Mina, os homens o perseguem. Drácula foge para o seu castelo na Transilvânia, todavia, é destruído pelos perseguidores antes de concretizar tal objetivo, libertando Mina do seu domínio.


   Diversas versões de Dracula já foram publicadas no Brasil, a maioria delas incompletas - para não dizer "mutiladas" - ou com erros grotescos de tradução. Recomendo a versão "pocket-book" da editora Martin Claret (figura acima) que traz o texto na íntegra, honrando esse clássico da literatura de horror.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Contos do Lado Negro

 Este é o trecho inicial de um conto escrito por uma criatura que já conheceu as trevas mas que encontrou a luz e a qual eu tenho orgulho de chamar de amigo. Conhecido por muitos nomes, hoje responde pela alcunha de "Darth Breno Moore". Trago a vocês suas palavras:

 
"O que fazer quando a dúvida é a única certeza que temos?

Como escolher entre dois caminhos quando nenhum deles parece ser acolhedor?

Não há destino, senão aquele que construímos, mas nesses tempos difíceis caminhamos apenas sobre nossos próprios
passos, vivendo em uma era de incetezas na qual nenhum mortal sonhou viver.

Somos as testemunhas do final dos tempos, e o futuro, que para outros sempre foi uma página em branco a ser preenchida,
converte-se para nós em um cruel enigma da esfinge.

Não existe amanhã e o ontem já morreu. No crepúsculo da existência de tudo que é vivo, o que temos é uma eterna noite.

O peso da decisão que vai nortear o destino toda a Criação pesa sobre os meus ombros, e agora eu gostaria de ter as asas de um
dragão para voar rumo ao poente, sem compromisso de chegar à lugar algum que seja.

E quando estiver no limiar da exaustão, caminhar nú por planícies gélidas sob o pálido sol do inverno, o vento frio e cortante
penetrando minha carne como um milhão de adagas de gelo. Só para me sentir vivo. Só para sentir. Mas eu não posso.

A razão de uma existência ainda teima em se esconder nas entrelinhas dos acontecimentos cotidianos e, à medida que sinto
a revelação se aproximar, a ansiedade consome minha alma, tal como um demônio faminto se baquetearia com o mais
maligno dos corações.

Pai, o que faz um ser de luz se sentir acolhido em meio às trevas? Porque sinto que a escuridão é meu único e verdadeiro lar?

Preciso ser mais sombrio que o escuro que jurei combater. Tenho que inundar de medo de medo e desesperança corações que
nunca viram a Luz. Devo elevar a maldade a tal ponto, que aqueles que a cultivam saibam que não são mais que folhas secas
levadas ao vento, diante do suplício que lhes irei impor.

O mal não teme mais a luz e o bem é ridicularizado a cada dia.

Eles devem saber que algo pior que eles ainda vive. Devem experimentar a condensação de seus piores pesadelos extraídos
de seus medos mais infantis e obscuros.

Sentirão o máximo expoente das trevas e da carnificina, conhecerão a verdadeira face do mal e do horror e assim saberão
que seus crimes não ficarão impunes, nem nesta vida, nem na próxima.

Só assim o mundo um dia poderá voltar a acreditar na paz.

Só assim eu encontrarei minha redenção."

Darth Breno Moore

domingo, 21 de novembro de 2010

Games - VAMPIRO: A MÁSCARA

Mesmo aqueles que não são adeptos dos RPG's já devem ter ouvido falar de Vampiro: A Máscara, um dos RPG’s mais conhecidos e jogados em todo o mundo. 
A idéia central de Vampiro: A Máscara é que o jogador interprete um vampiro recém-criado, tentando sobreviver aos seus primeiros anos como um morto-vivo. O terror psicológico é muito importante para uma trama de "Vampiro", principalmente no que se refere ao aspecto de o personagem ir aos poucos se tornando um monstro, perdendo as características que o tornavam humano conforme se vê obrigado a se alimentar (e, por vezes, matar) seus antigos companheiros mortais. Assim sendo, o tema central do jogo não são batalhas nem guerras, mas sim como manter a sua "humanidade". Entende-se por "Máscara" o conjunto de regras e o comportamento que permitem aos vampiros viver entre os humanos sem serem notados.
   Para fundamentar o clima do jogo, supõe-se que os vampiros modernos "vivem" em meio a uma complexa sociedade de mortos-vivos. Eles se organizam em seitas, que fazem o papel de nações, e em clãs, que funcionam como grupos familiares, compartilhando características passadas através do sangue, de vampiro para vampiro. Fora seitas e clãs, um terceiro nível de organização são as linhagens, pequenos desmebramentos dos clãs que unem vampiros consanguíneos, com maior entrosamento familiar entre si que com o resto do clã do qual se originaram.
     As lendas dos vampiros de "a Máscara" sugerem que o progenitor de todos os mortos-vivos foi Caim, o assassino bíblico de seu irmão, Abel, que teria sido amaldiçoado por Deus e condenado a caminhar eternamente sobre o mundo na forma de um vampiro condenado a beber sangue. Por solidão, Caim teria criado três outros vampiros: Irad - O Forte, Enoch - O Governante e Lilah - a Bela. Os Três formariam a chamada "Segunda Geração" (também conhecidos como Antediluvianos). Esses três, por sua vez, originaram outros 13 vampiros, a "Terceira Geração", que foram os fundadores dos 13 clãs.
Seis desses clãs se organizaram sob a seita Camarilla; dois sob a seita Sabá e cinco permaneceram independentes:

Clãs da Camarilla

     A Camarilla é a maior seita de vampiros, e seu interesse é defender a Máscara, e desse modo, manter um lugar para os Membro nas noites modernas. A Camarilla é uma sociedade aberta; ela considera todos os vampiros como seus membros (queiram eles ou não), e qualquer vampiro pode requerer sua filiação, independente da linhagem. Oficialmente, a Camarilla não reconhece a existência dos Antediluvianos de Caim. Argumenta-se que esses vampiros, se é que de fato existiram, sofreram há muito tempo a morte final e aqueles que fazem alusão a eles são publicamente ridicularizados

1) Brujah: O clã Brujah é principalmente composto de rebeldes, com e sem causa. Individualistas, extrovertidos e turbulentos, os Brujah carregam o desejo de mudança social dentro de seus corações mortos e a hierarquia do clã contém alguns do membros mais violentos da Camarilla.
2) Malkavian: Até mesmos outros Vampiros temem os Malkavianos pois eles são incuravelmente insanos. Muitos deles já demonstraram horríveis impulsos assassinos ou uma completa ausência de emoções, incluindo a compaixão. Os Malkavianos possuem um intelecto sombrio que é frequentemente — e cada vez mais — voltado para propósitos assustadores.
3) Nosferatu: Enquanto os outros vampiros continuam com a aparência humana e podem participar da sociedade humana, os Nosferatu são distorcidos e deformados pela maldição do vampirismo. Por causa disso, os Nosteratu são desprezados e ignorados pelas outras crianças de Caim, que os consideram asquerosos e só interagem com eles quando necessário. Impossibilitados de andar entre os mortais, os Nosferatu precisam viver em esgotos subterrâneos e catacumbas para todo o sempre.
4) Toreador: Os Toreador são chamados de muitos nomes — "degenerados", "artistas", "fingidos" e "hedonistas" são apenas alguns. Dependendo de sua individualidade e de seu temperamento, os Toreador são alternadamente elegantes e extravagantes, brilhantes e lúdicos, visionários e dispersos. Talvez o único imperativo que pode se aplicar ao clã seja o zelo estético de seus membros. De todos os clãs, os Toreador são os que mais estão ligados ao mundo dos mortais. 
5) Tremere: Através de seus próprios artifícios, eles aprenderam a dominar uma forma de feitiçaria vampírica, completa com rituais e magias, que são tão potentes – se não mais – do que qualquer outro poder derivado do Sangue. São poucos os que interferem com estes magos mortos-vivos e saem ilesos. Os Tremere são vampiros do Velho Mundo, mas têm viajado através dos continentes em busca de novos postos de segurança.
6) VentrueDesde os tempos remotos, os Ventrue têm sido um clã de liderança, reforçando as tradições antigas e procurando moldar o destino dos Membros. Nas noites ancestrais, os Ventrue eram escolhidos entre nobres, principes mercantes ou outros controladores do poder. Nos tempos modernos, o clã recruta seus membros de ricas familias tradicionais, impiedosos executivos emergentes e políticos.

Clãs do Sabá
     A seita monstruosa conhecida como Sabá, é a arqui-inimiga da Camarilla. São vistos como selvagens irracionais e demônios com sede de sangue tanto pela Camarilla como pelos Membros independentes. O Sabá argumenta que os vampiros estão acima dos mortais, que são meramente comida ou diversão. Os vampiros do Sabá não querem um lugar entre os humanos ou entre os que querem ser humanos. Eles vêem a raça humana como mero sustento e não têm a habilidade de se relacionar com vampiros que não aceitam essa natureza.


1) Lasombra: Ao mesmo tempo graciosos e predatórios, os Lasombra guiam — se necessário com o chicote — o Sabá a ser uma força implacável. Através da Maldição de Caim, alguns Lasombra acreditam, Deus os abandonou, e portanto, é dever deles construir uma nova ordem na Terra, através do Sabá. Os Lasombra mais racionais zombam desta superstição, mas até mesmo eles tendem a acreditar que, como vampiros, eles representam uma nova e mais avançada raça inteligente, que ignora as petulantes noções de ética humanas.
2) Tzimisce: Se o clã Lasombra é o coração do Sabá, o clã Tzímisce é a alma . Até mesmo outros vampiros ficam inquietos perto destes misteriosos Membros, cujo apelido de "Demônios" lhes foi atribuído em noites passadas, por Membros de várias outras linhagens. Por milênios os Tzimisce vêm aperfeiçoando seu conhecimento sobre as condições vampíricas, alterando seus corpos e pensamentos em novos e estranhos padrões.Agora, os Tzimisce servem ao Sabá como estudiosos, conselheiros e sacerdotes.

Clãs Independentes
     Apesar de certamente possuírem a genealogia de verdadeiros clãs (ao contrário das muitas linhagens mestiças que ocasionalmente aparecem), os clãs independentes compartilham de uma forte aversão quanto a "escolherem um lado". Obviamente, alguns dos mais jovens membros de cada clã podem ser encontrados tanto entre a Camarilla como entre o Sabá. Contudo, os anciões dos clãs independentes planejam em prol de seus próprios objetivos imperscrutáveis, objetivos que seriam retardados por conceitos insensatos como o da submissão às seitas.

1) Assamitas: Os Assamitas vêm dos desolados desertos do Leste e são conhecidos dentro da sociedade dos vampiros como um clã de assassinos sanguinários, trabalhando para quem quer que possa pagar seu preço. Ao contrário dos outros clãs, os Assamitas não clamam ter um fundador da Terceira Geração. Eles acreditam que seu fundador era um membro da Segunda Geração, fazendo de todos os outros Cainítas, meras cópias imperfeitas deles.
2)Gangrel: Nômades solitários, desprezam a repressão da sociedade, preferindo o conforto de áreas selvagens. Quando um mortal fala sobre um vampiro se transformando em lobo ou morcego, ele provavelmente está falando de um Gangrel, pois eles são metamorfos. Os Gangrel são guerreiros ferozes, mas sua ferocidade é proveniente do instinto animal. Eles estão entre os Membros mais predadores e amam se envolver na excitação de uma caçada.
3) Giovanni: Os Giovanni são respeitosos, gentis e bem-educados. Podres de ricos, o Clã Giovanni rastreia suas raízes até antes do Renascimento, em uma família de príncipes mercantes. Os Giovanni normalmente possuem talentos profissionais, os que forem mais adequados para consolidar os empreendimentos do clã. Suas naturezas e comportamentos tendem ao astuto e egoísta, apesar da perversidade infeccionar a incestuosa família e muitos serem pouco convencionais.
4) Ravnos: Se um clã pode ser conhecido por seu malicioso senso de humor negro, este clã é o Ravnos. Estes Cainitas são enganadores de primeira, tramando ilusões e mentiras em esquemas elaborados para afastar os tolos do caminho do que quer que os Ravnos estejam ambicionando. Os Ravnos são essencialmente nômades e dão pouca importância a refúgios permanentes ou posições dentro da estrutura de poder estabelecida em uma cidade.
5) Seguidores de Set: Os Seguidores de Set, chamados de "Setitas", talvez sejam o menos confiável de todos os clãs. Seus laços com o arquétipo mitológico da Serpente são bem conhecidos e apoiados por seus perturbadores poderes. Para alcançar seus objetivos, os Setitas dominam várias ferramentas poderosas. Para eles, o vício, a sedução e a decadência são os melhores meios de alcançar seu fim.Tanto Membros quanto mortais sucumbem ao charme dos Setitas, fazendo alegremente o que quer que seus novos mestres peçam, em troca do patronato das serpentes.


Vampiro A Máscara é, sobretudo, um jogo de influência, disputa de poderes, de política, horror, manipulação e psicologia. Fatores que são comuns em nossas vidas, e que assistimos todos os dias, quando vemos os noticiários na TV, lemos os jornais ou escutamos as rádios.


Fontes: http://vampiro.forumeiros.com/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vampiro:_A_Mascara
http://www.vampiresworld.com.br

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Vampiros no Cinema - ENTREVISTA COM O VAMPIRO

 

     Este, com certeza, é o meu filme predileto sobre vampiros. Primeiro, porque é baseado numa obra de Anne Rice, uma das maiores escritoras deste gênero. Segundo, porque Tom Cruise dá um show de interpretação encarnando o vampiro Lestat. E terceiro, porque este é o filme que melhor explorou a "alma" do vampiro em toda a sua complexidade.
     Acidentalmente um repórter (Christian Slater) começa uma conversa com um homem (Brad Pitt) que diz ser um vampiro com duzentos anos e conta a trajetória de sua vida, desde a época em que ainda não era vampiro e como foi infectado pelo vampiro Lestat (Tom Cruise), com quem teve grandes aventuras mas também grandes desavenças

titulo original: (Interview With The Vampire - The Vampire Chronicles)
lançamento: 1994 (EUA)
direção: Neil Jordan
atores: Tom Cruise , Brad Pitt , Antonio Banderas , Stephen Rea , Christian Slater
duração: 122 min
gênero: Suspense

Referências: www.adorocinema.com/filmes/entrevista-com-vampiro/
www.youtube.com                                                                    

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Cultura vampiresca: LÂMIA



  A Grécia é uma das fontes mais antigas da lenda contemporânea do vampiro. Escritos da Grécia antiga registram a existência de três criaturas vampíricas: o lamiai, o empusai e o mormolykiai.
   O nome lamiai vem de Lâmia, uma belíssima rainha da Líbia, filha de Poseidon e amante de Zeus, de quem concebeu muitos filhos, dentre os quais a ninfa Líbia. Hera, mulher de Zeus, corroída pelos ciúmes, matava seus filhos ao nascer e, ao final, a transformou em um monstro (em outras versões Lâmia foi esconder-se em uma caverna isolada e o que a transformou em um monstro foi seu próprio desespero). Por fim, para torturá-la ainda mais, Lâmia foi condenada por Hera a não poder cerrar os olhos, para que ficasse para sempre obcecada com a imagem dos filhos mortos. Zeus, apiedado, deu-lhe o dom de poder extrair os olhos de vez em quando para descansar.
   A terrível inveja que Lâmia sentia das outras mães fazia com que vagasse noite e dia sem dormir, espreitando as crianças para as devorar. Devido a esta lenda, a Lâmia era usada na antiguidade para assustar as crianças, da mesma forma que a Cuca e o Bicho Papão, no folclore português e brasileiro. O poeta Horácio (Quintus Flavius Horatius) fala sobre ela em sua Ars Poetica "Ficta uoluptatis causa sint proxima ueris, // ne quodcumque uolet poscat sibi fabula credi,// neu pransae Lamiae uiuum puerum extrahat aluo." Não exija a história que se acredite em qualquer coisa que queira, nem extraia vivo do ventre de Lamia o menino por ela almoçado.
 Diversas histórias são contadas a respeito de Lâmia. Sua aparência também varia de lenda para lenda. Na maior parte das versões, contudo, seu corpo, abaixo da cintura, tem a forma de uma cauda de serpente. Esta versão popularizou-se especialmente a partir do poema Lamia, publicado pelo inglês John Keats em 1819. Diodoro Sículo, por sua vez, a descreve como uma mulher de rosto distorcido.
Lamia, posteriormente, virou protótipo de uma classe de seres modelados à sua imagem, descritos como mulheres de aparência rude, deformadas e com a parte inferior do corpo em forma de serpente. Os pés não eram emparelhados, sendo um feito de latão e o outro e o outro com a forma de pata de animal, geralmente a de um bode, jumento ou boi. As lamias eram tidas principalmente como seres demoníacos que sugavam o sangue de crianças pequenas; entretanto, tinham o poder de se transformar em lindas donzelas a fim de atrair e seduzir homens jovens.
As pessoas logo perderam se medo das lamias e, mesmo em tempos ancestrais, elas tinham se tornado um meio de os pais assustarem seus filhos. Entretanto, quando uma criança morre de repente de causa desconhecida, um ditado ainda popular na Grécia sugere que a criança foi estrangulada por uma lamia.

fontes: Enciclopédia dos Vampiros - J. Gordon Melton - M. Books - 2008
  http://pt.wikipedia.org/wiki/Lâmia_(mitologia)                                

Quadrinhos & Mangás: ROSARIO+VAMPIRE

   Não sou um grande consumidor de mangás, mas quando um título me atrai eu costumo colecionar até o fim. Se o título trouxer a palavra "vampire" na capa as chances de me atrair aumentam consideravelmente. Foi o que aconteceu com o mangá Rosario+Vampire. Um verdadeiro caso de "amor à primeira mordida".
   Lançado no Japão em 2004, Rosario+Vampire começou a ser publicado no Brasil em Agosto deste ano pela Panini Comics. Soube que o título já foi adaptado para "anime" mas eu ainda não assisti.

   Tsukune Aono é um garoto comum que não pôde entrar para o ensino médio devido às más notas na escola. Porém, seu pai, durante uma caminhada, vê um homem (por ele descrito como um sacerdote e certo que ele estava num beco escuro parecendo um louco) deixar cair ao chão um documento. Ao pegá-lo, viu que se tratava de uma carta-convite ao portador para ingressar numa escola de ensino médio, a Youkai Gakuen (na versão em inglês, Youkai Academy). Sem dar ou pedir satisfações ao homem, leva o folheto para casa e o apresenta à esposa e ao filho como sendo a solução para o problema de Tsukune. Entretanto, a Youkai Gakuen é um internato para youkais (demônios), onde além dos conteúdos curriculares tradicionais os alunos são preparados para coexistir com os humanos e assim conseguirem sobreviver num mundo hoje dominado por estes últimos. Humanos não podem entrar nesta escola, e o regulamento prevê que qualquer um que ali pise seja imediatamente morto. Certo de que entrou ali por engano e temendo por sua vida, Tsukune tenta fugir da escola, mas decide ficar por se apaixonar por Moka Akashiya, uma bela vampira que também estuda ali. Ele decide permanecer, escondendo a sua natureza humana de alunos e professores. Ele também descobre que, quando o rosário em torno do pescoço de Moka é removido, a sua verdadeira natureza emerge. Ao longo do tempo vão entrando outros personagens, como a súcubo Kurumu, a bruxa Yukari, a "garota de gelo" Mizore, entre outros. A história se desenrola mostrando o amadurecimento dos personagens à medida que vão enfrentando uma série de desafios.

   Como é tradição na maioria dos mangás a história apela bastante para a sensualidade das personagens femininas. Nas cenas de luta, principalmente, Kurumu e Moka sempre mostram um pouquinho dos seus atributos (a Kurumu deve usar sutiã nº 50, por exemplo). Existem alguns momentos bem violentos também (com direito à muito sangue) nas lutas entres os seres monstruosos. Mas o ponto alto do mangá é o humor. O quase-romance entre os personagens Tsukune e Moka é o gancho para as situações mais inusitadas que você possa imaginar, sem falar na "paixão" de Moka pelo sangue de Tsukune. Simplesmente hilário!

Referências: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rosario_%2B_Vampire

sábado, 13 de novembro de 2010

Nosferatu

Há muito que percorro
os confins do firmamento.
Do poente ao crepúsculo,
da luz às trevas,
do efêmero ao eterno.

Há muito que vago,
pelo tempo e pelas sombras,
procurando a tua essência.
Há muito que desejo
embriagar-me em teu calor.

Há muito que aqui estou
existindo sem viver.
Além de toda a humanidade,
percorrendo terras e eras
pelo néctar de teu beijo.

Há muito que aguardo
o ocaso deste mundo
preso, nesta estranha ponte
que começa onde termina a vida
e termina onde começa a morte...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O QUE É UM VAMPIRO?

    A definição comum: um cadáver reavivado que levanta do túmulo para sugar o sangue dos vivos e assim reter a aparência da vida. Essa definição rapidamente se prova inadequada quando nos aproximamos do reinado do folclore vampírico.
   Embora o assunto quase sempre leve à discussão sobre a morte, nem todos os vampiros são corpos ressuscitados. Inúmeros deles são espíritos demoníacos desencarnados. Nessa ordem de idéias estão os numerosos vampiros e demônios vampíricos da mitologia indígena e os lamiai da Grécia. Os vampiros também podem aparecer como o espírito desencarnado de um morto que retém uma existência substancial; como no relato de muitos fantasmas, esses vampiros podem ser confundidos com um cadáver totalmente encarnado. Da mesma forma, no contexto literário secular moderno, os vampiros às vezes emergem como uma espécie diferente de vida inteligente (possivelmente do espaço sideral ou produto de mutação genética) ou ainda como seres humanos normais que têm um hábito incomum (como beber sangue) ou um poder extraordinário (como a possibilidade de "drenar" as pessoas emocionalmente). Os vampiros existem em numerosas formas, embora a grande maioria seja de mortos que ressuscitam.
   Conforme é do conhecimento geral, a característica compartilhada por todas essas diferentes entidades vampíricas é sua necessidade de sangue, que retiram de seres humanos e animais. Todavia, a aparente definição comum deve ser consideravelmente suplementada. Alguns vampiros não tomam sangue, pelo contrário, roubam da vítima o que se julga ser sua força vital.
   Os escritores românticos do século 19 e os ocultistas sugeriram que o vampirismo envolvia a perda de força psíquica para o vampiro e escreveram sobre relacionamentos vampíricos que tinham pouco a ver com a troca de sangue. O próprio Drácula citou a Bíblia ao afirmar que "sangue é vida".
   No outro extremo, alguns vampiros "modernos" são simplesmente bebedores de sangue. Eles não atacam nem drenam suas vítimas, mas conseguem sangue de várias maneiras legais (como, por exemplo, localizando um doador voluntário ou as fontes de um banco de sangue). Nesses casos, o consumo de sangue tem pouco a ver com qualquer relacionamento contínuo com a fonte do sangue. Este, como os alimentos, é simplesmente consumido.
   A grande variedade de criaturas parecidas com vampiros, encontradas em todo o mundo, funciona de maneira bem diferente em culturas e ambientes distintos. Assim, os camarotz da América Central compartilham diversas características com o vampiro da Europa Oriental, mas cada um exerce um papel diferente na mitologia de sua própria cultura e é encontrado em situações diferentes. Em cada cultura o "vampiro" adquire características distintas.
   A despeito dessas diferenças culturais, existem tipos comuns de vampiros que parecem transpor as fronteiras culturais. O lamiai, por exemplo, que se classifica entre as criaturas vampíricas gregas mais antigas, parece ter surgido em resposta a uma série de problemas relativos ao parto. O lamiai atacava bebês e crianças muito pequenas, de modo que: óbitos inexplicáveis de mulheres no parto e/ou de seus filhos poderiam ser atribuídos ao trabalho dos vampiros. Isso se assemelha à função do langsuyar malaio e da Lilith judaica.
   Da mesma forma, culturas muitíssimo diferentes possuíam um vampiro que basicamente atacava mulheres jovens. Esses vampiros, que apareciam repetidamente nos contos populares da Europa Oriental, exerciam um papel vital no processo de controle social. As histórias desses jovens e bem apessoados vampiros avisavam as virgens em sua pós-adolescência a não desprezarem os conselhos de seus pais e dos padres e a evitarem contato com estranhos jovens glamourosos, o que somente poderia levar ao desastre.
   Outro grande grupo de vampiros nasceu dos encontros com a morte, especialmente a morte súbita de um ente querido devido à suicídio, acidente ou doença desconhecida. As pessoas que morriam subitamente deixavam parentes e amigos com as agendas inacabadas para com os mortos. Laços emocionalmente fortes e delitos não corrigidos pelos recém-falecidos faziam com que eles deixassem seus locais de descanso para atacar membros da família, amantes e vizinhos com quem poderiam ter tido desavenças. Se não lhes fosse possível alcançar um alvo humano, avançavam sobre suas fontes de alimentação (por exemplo, o rebanho). As histórias de ataques desses vampiros adultos recém-falecidos sobre seus parentes e vizinhos fundamentam diretamente o surgimento da moderna literatura e cinematografia sobre os vampiros.


                                                
Fonte: Enciclopédia dos Vampiros (J. Gordon Melton - M.BOOKS - 2008)